Ana Maria Logatti Tositto*
A escolha profissional é uma questão séria e complicada. Os altos índices de desistência nos cursos superiores revelam a gravidade do problema. Os prejuízos são inúmeros, o ônus atinge desde as instituições de ensino até aqueles que não podem ter acesso à vaga abandonada, e, em última análise, o próprio estudante desistente, que acumula o custo pessoal de uma nova escolha.
A insatisfação com a opção realizada ou com a formação profissional conquistada é corroborada pela crescente demanda de universitários ou ex-universitários por trabalhos de orientação profissional.
Fazer uma escolha ou re-escolha profissional implica em tomar uma decisão, processo para o qual a maior parte das pessoas não é devidamente preparada, quer seja na família, escola ou demais instituições educativas vigentes.
Os especialistas concordam também que indivíduos de diferentes idades podem apresentar maior maturidade em relação a algumas dimensões e imaturidade em relação a outras. Independente da idade cronológica do indivíduo, o que se processa numa escolha madura é o intercruzamento da análise das variáveis pessoais e contextuais.
Uma escolha amadurecida é aquela em que o indivíduo observa, analisa e adquire conhecimentos sobre todos os aspectos possíveis da situação em que se encontra, pondera as vantagens e desvantagens das opções disponíveis e, só então, toma sua decisão. Fazer isso é compor de forma consistente os critérios sob os quais a decisão será tomada.
Porém, o que se vê com muita frequência são escolhas realizadas na ausência de tais critérios ou com base em critérios pouco consistentes. É o que ocorre quando, ao reduzido número de informações, por exemplo, aliam-se as visões distorcidas, idealizadas ou estereotipadas acerca das opções profissionais.
Tais critérios de escolha, em especial as idealizações e estereotipias, podem produzir, posteriormente, sentimentos de arrependimento e de decepção com o curso escolhido, que caracterizam dificuldades entre aqueles que se encontram em processo de re-escolha profissional.
Tendo feito uma escolha profissional nesses moldes, o indivíduo não tarda em manifestar uma série de dificuldades ou preocupações. A decepção com o curso foi uma das categorias temáticas encontradas em estudos sobre o processo de re-opção profissional entre universitários. Neste estudo, a decepção foi vinculada ao caráter teórico das disciplinas cursadas, e à falta de uma visão da prática profissional.
A decepção com o curso, com os professores ou com a instituição se dá após uma fase de entusiasmo com a conquista de uma vaga na universidade, quando há então contato com a realidade do curso escolhido, que culmina num repensar da escolha realizada. Neste momento, a re-opção de curso se torna uma das alternativas encontradas pelo indivíduo na busca de uma maior satisfação pessoal-profissional.
Além da decepção e sentimentos de arrependimento, a falta de habilidades compatíveis à profissão escolhida e problemas com o progresso acadêmico são aspectos considerados como barreiras que dificultam o momento de re-escolha profissional, quando não se tornam impeditivos a determinadas opções profissionais.
Podemos observar algumas similaridades quanto às experiências, dificuldades e necessidades atuais na re-escolha, como:
Uma escolha profissional madura e ajustada pressupõe capacidade de adaptação, interpretação e juízo da realidade; de discriminação, análise e integração de conhecimentos sobre si e sobre a realidade profissional; e aprendizagem do processo de tomada de decisão.
*Ana Maria Logatti Tositto é psicóloga, professora da Uniara e membro do Centro de Orientação Profissional da instituição.
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