Ana Maria Logattti Tositto*
Alegria, medo, raiva, tristeza, surpresa, gratidão, admiração, enfim, todas as emoções ocupam um lugar em nossa vida. No cotidiano, assim como na literatura, as emoções frequentemente são classificadas em duas categorias: boas ou más, úteis ou inúteis, desejáveis ou indesejáveis. No entanto, trata-se de uma grande e lamentável confusão. Todas as emoções são úteis. O que seria da nossa vida sem esses guias inestimáveis, sem esses históricos GPS?
Em compensação, alguns dos efeitos que as emoções exercem em nós ou nos outros podem ser qualificados de negativos em função dos comportamentos que desencadeiam. As emoções iluminam o nosso juízo, reforçam a nossa imunidade, nos protegem dos riscos e fazem com que tomemos as decisões certas. Porém, elas também podem nos levar a passar por situações difíceis, estados de estresse, conflitos e sofrimentos psicológicos ou físicos.
As emoções agem principalmente em três planos: pensamentos, comportamentos e relações sociais. Ser inteligente emocionalmente não é controlar os pensamentos ou eliminar certas emoções pessoais e também dos outros, mas sim mudar a nossa relação com as emoções para construir um caminho de vida mais harmonioso, rico e pleno de sentido.
As emoções sempre desempenharam um papel importante na evolução e adaptação da espécie humana ao seu meio ambiente. Desde sempre elas ajudaram os nossos ancestrais, servindo-lhes de sinais para eles enfrentarem os desafios exteriores e lutarem por suas vidas. Por exemplo, sentir medo do tigre que ia atacar e devorar o homem desencadeava reações de fuga gerada pelo sentimento de medo, garantindo a sobrevivência.
Nós, hoje, precisamos das emoções tanto quanto eles, para que possamos nos orientar e redescobri o sentido da nossa vida. Não nos deparamos mais o tempo todo com tigres ameaçadores, mas, diante de um perigo, continuamos a ter as mesmas reações que nossos antepassados. O coração acelera, certos músculos se contraem, a expressão do rosto muda e sentimos vontade de fugir. De forma similar, mas com outro tom, a raiva e o medo nos indicam os obstáculos a superar ou contra os quais nos rebelar.
As pesquisas demonstram que emoções mal orientadas podem exercer efeitos negativos sobre a saúde mental (riscos de ansiedade, depressão, etc) e física. Elas confirmam a existência de uma ligação entre emoções de raiva mal orientadas e ataques cardíacos. Também apontam que pessoas que sabem controlar bem suas emoções têm mais chances de apresentarem boa saúde, viverem por mais tempo e cultivarem relações sociais enriquecedoras.
A questão das emoções é primordial nos relacionamentos, pois o ser humano é, antes de tudo, um animal social. Seja na nossa vida pessoal ou profissional, relacionamo-nos continuamente com outras pessoas e isso trata-se de uma dimensão essencial da nossa existência. As interações e a afeição fazem parte das nossas necessidades fundamentais. É por meio das relações com os outros que existimos e que, em parte, a nossa existência faz sentido, por isso, é fundamental que concentremos a atenção nas nossas próprias emoções, o que causa um grande impacto tanto em nós quanto nas nossas relações com os outros.
*Ana Maria Logattti Tositto é psicóloga, mestre na área de saúde mental pela USP de Ribeirão Preto, professora e psicóloga do Centro de Orientação Profissional da Uniara.
Saiba o que fazemos com os dados pessoais que coletamos e como protegemos suas informações. Utilizamos cookies essenciais e analíticos de acordo com a nossa política de privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
ENTENDI